Com tarifas, máquina de lavar Made in USA já é 21% mais cara que asiática

Ao contrário do prometido, a guerra tarifária de Donald Trump começa a prejudicar a indústria norte-americana. O lamento foi feito nesta quinta-feira (24) pela maior fabricante de geladeiras e máquinas de lavar do mundo, que é americana. Com as tarifas, itens produzidos nos Estados Unidos já estão 20% mais caros que os importados da Ásia.
As tarifas de Trump dominaram boa parte da apresentação de resultados da Whirpool no primeiro trimestre de 2025. A empresa é fabricante de itens icônicos nas cozinhas americanas, como a própria marca Whirpool e KitchenAid. No Brasil, é dona da Brastemp e Consul.
Na apresentação aos acionistas, os executivos da empresa explicaram que as tarifas aumentaram custos em várias frentes. E, apenas em imposto de importação, um consumidor norte-americano paga cerca de US$ 70 – cerca de R$ 400 – a mais em uma máquina de lavar roupas.
Segundo a empresa, são cerca de US$ 50 em impostos extras em aço usado na fabricação de uma máquina com porta frontal. Além disso, há outros US$ 20 em componentes usados no equipamento, e que também passaram a ser taxados.
Com isso, uma máquina Whirpool "Made in USA" está sendo vendida ao consumidor americano por cerca de US$ 849. O valor é 21,5% maior que o valor médio de máquinas comparáveis de produtores asiáticos, que são oferecidas por US$ 699 no varejo nos EUA.
Esse valor é observado, segundo a fabricante americana, nos itens importados de países como China, Coreia do Sul, Tailândia e Vietnã.

Os executivos reconhecem que os preços de itens importados, especialmente da China, mudarão de patamar a depender das negociações entre Washington e Pequim.
O recado da empresa, porém, indica que o estrago já foi feito porque houve maciça importação de produtos da linha branca da Ásia antes das tarifas. A fabricante cita que a chegada de itens importados da Ásia saltou 30% antes de Trump, exatamente porque havia expectativa do aumento de impostos.
E mais: a Whirpool cita que a troca de tarifas retaliatórias "começou a impactar nossos negócios no Canadá e Europa".
Apesar da reclamação e do tom de lamento da situação, os executivos da empresa demonstraram esperança de que, agora, a Casa Branca proteja a indústria americana. "Esperamos que novas políticas tarifárias nivelem o campo de jogo, apoiando melhor a indústria manufatureira americana", cita o balanço.